A trajetória de lutas de Iara Bernardi, professora e Mestre em Biologia da Conservação e Biodiversidade pela UFSCar, é longa e cheia de frutos. No final da década de 70, engajada na luta pela Anistia Política, tornou-se Coordenadora Regional do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA).
Participou de greves e lutas dos professores como liderança da Apeoesp e foi a primeira vereadora mulher eleita a tomar posse em Sorocaba, em 1982, juntamente com Diva Prestes de Barros, permanecendo na Câmara Municipal de Sorocaba, numa primeira fase, até 1996.
Como vereadora, sempre teve na educação e nos direitos humanos suas maiores bandeiras. É autora da primeira proposta de lei que criou o Conselho Tutelar na cidade de Sorocaba e da lei que criou a Casa Abrigo para mulheres e crianças vítimas de violência doméstica.
Em 1998, elegeu-se deputada federal, cumprindo três mandatos em Brasília. Foi relatora do Fundeb, integrou a comissão especial que discutiu e aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), bem como a Lei Maria da Penha.
Como deputada federal, teve cinco de seus projetos transformados em leis e resolução, entre eles, o que culminou na chamada Lei do Minuto Seguinte, que garante atendimento médico imediato a vítimas de abuso sexual. Sua atuação contra a LGBTfobia também foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, que citou seu nome diversas vezes no processo de caracterização deste crime como racismo.
Sua articulação política, como representante do MEC na região, deu a Sorocaba sua universidade federal, a UFSCar. Também foi responsável por trazer para a cidade o Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Estado de São Paulo (IFSP), oferecendo ensino técnico e gratuito de qualidade.
Entre suas iniciativas legislativas como deputada federal destacam-se a Lei nº 10.224, de 15 de maio de 2001, que criminaliza o assédio sexual, e a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013, conhecida como “Lei do Minuto Seguinte”, que prevê atendimento imediato a vítimas de abuso sexual.
Também são de sua autoria a Lei nº 10.886, de 17 de junho de 2004, conhecida como “Lei da Violência Doméstica”, que acrescentou a expressão “violência doméstica” no Código Penal; e a Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005, que alterou o Código Penal e extinguiu o crime de adultério, determinou a substituição de termos como “mulher honesta” e “mulher virgem” e extinguiu a impunidade do estuprador que se casasse com a vítima.
Por iniciativa sua, foi instituído na Câmara dos Deputados o Prêmio Nelson Mandela de Ensino de História da África e das Relações Étnico-Raciais, mediante a Resolução nº 205/2013 da Câmara dos Deputados.
Em 2016, Iara Bernardi retornou ao Legislativo sorocabano, sendo eleita vereadora com 4.364 votos. Entre outras ações legislativas, presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito que culminou na cassação do prefeito José Crespo em 2019. Em 2020, foi eleita para seu quinto mandato na Câmara de Sorocaba, com 5.525 votos. Em 2024, foi reeleita com 5.828 votos.
Na atual legislatura, Iara Bernardi preside a Comissão de Inclusão da Pessoa com Deficiência e integra a Comissão de Meio Ambiente e tem forte atuação em diversas áreas, destacando-se a defesa do meio ambiente e dos serviços públicos de qualidade e o fortalecimento dos setores de educação e saúde, por meio do combate à terceirização e da valorização dos servidores públicos.
Ainda na área da educação, luta por mais vagas em creches, escolas com melhor estrutura e valorização dos profissionais da educação. Na área da saúde, luta por uma Policlínica na Zona Norte e pela reforma da atual Policlínica; fortalecimento da Estratégia Saúde da Família; melhores condições no atendimento à população, com mais exames e especialidades médicas; e a valorização dos multiprofissionais da saúde.
Nos temas “Mulher” e “Diversidade”, Iara Bernardi luta pelo IML 24 horas, para realização de exame de corpo de delito; fortalecimento da rede de proteção contra a violência doméstica, com mais profissionais e capacitação permanente; criação da Casa de Acolhimento LGBTQI+; garantia da livre manifestação cultural, artística e religiosa das populações de matriz africana; e Casa da Mulher Brasileira.
Na área do urbanismo, Iara Bernardi luta por uma Sorocaba sustentável e mais bem planejada; mais programas de casa própria para a população; garantia de abastecimento de água na cidade; e revisão do Plano Diretor Físico-Territorial com ampla discussão com a sociedade, inclusive com profissionais e pesquisadores da área de urbanismo.
Além das leis federais de sua autoria, Iara Bernardi, que nasceu em Sorocaba, em 2 de junho de 1952, é autora de várias leis municipais sobre os seguintes temas: poluição sonora; território de interesse cultural; combate à discriminação, preconceito e racismo; vítimas de enchentes; e fiação subterrânea, entre outras.