LEI Nº
11.660, DE 09 DE JANEIRO DE 2018.
Institui o
Dia da Comunidade Ítalo-Sorocabana e dá outras providências.
Projeto de
Lei nº 234/2017 - autoria da Vereadora CÍNTIA DE ALMEIDA
A Câmara
Municipal de Sorocaba decreta e eu promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituído no
Município o Dia da Comunidade Ítalo-Sorocabana, a ser comemorado, anualmente,
no dia 02 de junho, data nacional da República Italiana.
Parágrafo
único. A Prefeitura Municipal, através do órgão competente, em colaboração com
instituições e cidadãos interessados, poderá organizar o programa do evento,
com o desenvolvimento de atividades em âmbito escolar, cultural e turístico.
Art. 2º As comemorações
alusivas à data farão parte do Calendário Oficial de Eventos do município de
Sorocaba.
Art. 3º As despesas com a
execução desta Lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias,
suplementadas se necessário.
Art. 4º Fica revogada a Lei nº 5.516, de 12 de novembro de 1997.
Art. 5º Esta Lei entra em
vigor na data de sua publicação.
Palácio dos
Tropeiros, em 9 de janeiro de 2018, 363º da Fundação de Sorocaba.
JOSÉ ANTONIO
CALDINI CRESPO
Prefeito
Municipal
GUSTAVO
PORTELA BARATA DE ALMEIDA
Secretário
dos Assuntos Jurídicos e Patrimoniais
ERIC
RODRIGUES VIEIRA
Secretário do
Gabinete Central
Publicado na
Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais, na data supra.
VIVIANE DA
MOTTA BERTO
Chefe da
Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais
Este
texto não substitui o publicado no DOM de 11.01.2018
JUSTIFICATIVA
O presente Projeto de Lei pretende revogar a Lei
nº 5.516, de 12 de novembro de 1997, por ser correlata. Ele também visa
instituir no Município o Dia da Comunidade Ítalo-Sorocabana, a ser comemorado,
anualmente, no dia dois de junho, data nacional da República Italiana,
prestando, dessa forma, uma homenagem mais significativa, para os imigrantes
italianos que se instalaram em nosso município desde a sua fundação.
A imigração italiana no Brasil teve como
ápice o período entre 1880 e 1930. Os ítalo-brasileiros estão espalhados
principalmente pelos Estados do Sul e do Sudeste do Brasil.
Os ítalo-brasileiros são descendentes da enorme
massa de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil entre 1870 e 1960. Segundo
estimativa da embaixada italiana no Brasil, em 2013 viviam no país cerca de 30
milhões de descendentes de imigrantes italianos (cerca de 15% da população
brasileira), metade no Estado de São Paulo.
Os primeiros registros sobre a imigração
italiana para a cidade de Sorocaba são de 1885. Quando aqui chegaram foram
aproveitados na nascente indústria paulista e nas fazendas de café. Não
trouxeram somente sua força de trabalho, mas sua cultura e formas de pensar e
agir. Na cidade de Sorocaba, como também em outras cidades, os imigrantes
contribuíram para o surgimento de movimentos e associações operárias ligadas à
produção.
Além disso, uma das primeiras atividades
realizadas pelos imigrantes foi a fundação de escolas, tendo como objetivo
preservar as tradições, os costumes e a língua de origem.
"Em Sorocaba, pelo menos 38% da população é
de italianos, por descendência ou por cidadania", afirma o vice-cônsul
honorário da Itália Stefano Ghisio-Erba.
Apesar do ciclo do café, grande chamariz dos
italianos, ter se desviado das terras sorocabanas, a cidade conheceu a
diversidade de aptidões trazida por esse povo, que deu impulso ao comércio e à
indústria.
Logo que perceberam a ilusão de "fazer
América" trabalhando em fazendas de café, muitos italianos deixaram o
campo e dirigiram-se a centros urbanos, como Sorocaba, transformando-se em
comerciantes, prestadores de serviços e industriais dos segmentos de massas,
bebidas, calçados, chapéus, espelhos, instrumentos musicais, móveis, sabão,
tecidos, banha de cozinha, velas de cera e tijolos.
No ano 1880, através de jornais da época,
pode-se verificar muitos italianos atraídos em explorar o comércio urbano
através das manufaturas e pela diversificação dos investimentos, a constar
nomes como: Alferio Malzone, fabricava calçados; Antonio Faizano, macarrão;
Mathias Baddini, café em pó; Domenico Guli, massas; José Luchesi, calçados, entre outros.
Uma honrosa referência sorocabana de italianos
que apostaram na indústria é Francesco Matarazzo, que chegou ao Brasil em 1881.
Diferente da maioria dos imigrantes, Matarazzo veio como investidor. Apesar da
má-sorte de ter perdido num naufrágio todo o carregamento de banha de porco que
trazia, com algum dinheiro e a ajuda de patrícios estabeleceu-se em Sorocaba.
Na Rua da Penha, iniciou um negócio de
processamento de banha que proporcionou, mais tarde, a construção de um
verdadeiro império econômico: as Indústrias Reunidas Francesco Matarazzo. A
velha prensa de banha utilizada por Francesco integra o acervo do Museu
Ferroviário.
Já os Scarpa - Francesco e seu filho Nicolau -
chegaram à cidade em 1885 e montaram um armazém na Rua Padre Luiz. Com os
lucros do empório - um dos mais famosos do Estado de São Paulo - ingressaram na
produção industrial, que já despontava como um grande negócio. Os Scarpa
tiveram, em Sorocaba, fábricas de sabão, óleo de algodão, enxadas e se tornaram
sócios de indústrias têxteis num período em que a força da cidade nesse
segmento rendeu-lhe o título de Manchester Paulista.
O papel desempenhado pelos imigrantes italianos
na primeira fase do processo de industrialização na cidade de Sorocaba foi
fundamental. Sorocaba também assistiu ao surgimento de um grande número de
fábricas de linho, entre elas as Indústrias Texteis
Barbero (Teba) do italiano Antonio Barbero e as
Indústrias Metidieri do italiano Domingos Metidieri.
Outro que merece ser lembrado é o filho de
imigrantes italianos Luiz Fioravante, cuja empresa de ônibus Luiz Fioravante
foi pioneira do transporte coletivo de Sorocaba e operou o transporte urbano da
cidade até o início da década de 1990.
Domingos Oréfice que
desempenhou a função de vice-cônsul honorário da Itália, foi um dos primeiros
marchands a estabelecer-se no Município de Sorocaba. Montou um centro de
distribuição de carne bovina atendendo à região e outras localidades do Estado
e do Brasil.
Muitas outras famílias italianas contribuíram
para o progresso e desenvolvimento da cidade de Sorocaba, marcado por muito
trabalho, alegrias e tristezas, que foram se expandindo por muitos locais do
nosso Município. Basta olhar para os nomes de ruas, avenidas e prédios
públicos, tais como: Luigi Pietro Giuseppe Marangoni, Armando Zuliani,
Marcelino Rusalen Netto, Maria Cinto de Biagi, Walter
Caldini, Roberto Paschoalick, Padre Santi Capriotti, Bruno Di Giusti, entre muitos. Por todos os
lados se vê os indícios de um povo que passou e deixou seus descendentes por
aqui.
Como forma, pois, de prestar uma homenagem a
todos os imigrantes italianos vindos para Sorocaba e de seus descendentes que
ainda habitam em nosso Município, é que apresento este projeto de lei
instituindo o Dia da Comunidade Ítalo-Sorocabana, contando para isso com o
indispensável apoio de nossos nobres pares para a aprovação desta importante
propositura.