LEI Nº 12.954, DE 03 DE JANEIRO
DE 2024.
Declara ser Aluísio de Almeida,
pseudônimo do Monsenhor Luiz Castanho de Almeida, o Patrono da História de
Sorocaba.
Projeto de Lei nº 330/2023, do
Edil Ítalo Gabriel Moreira
A Câmara Municipal de Sorocaba
decreta e eu promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º Aluísio de Almeida,
pseudônimo do Monsenhor Luiz Castanho de Almeida, é declarado o Patrono da
História do Município de Sorocaba - SP.
Parágrafo único. O ensino ou a
abordagem do disposto no caput, em caráter educacional, terá por objetivo
informar e refletir sobre a vida e obra de Aluísio de Almeida, e a relevância
social do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba - IHGGS.
Art. 2º As despesas com a
execução da presente Lei correrão por conta de verba orçamentária própria.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor
na data de sua publicação.
Palácio dos Tropeiros “Dr. José
Theodoro Mendes”, em 3 de janeiro de 2024, 369º da Fundação de Sorocaba.
RODRIGO MAGANHATO
Prefeito Municipal
DOUGLAS DOMINGOS DE MORAES
Secretário Jurídico
AMÁLIA SAMYRA DA SILVA TOLEDO
Secretária de Governo
LUIZ ANTÔNIO ZAMUNER
Secretário de Cultura
Publicada na Divisão de Controle
de Documentos e Atos Oficiais, na data supra.
FÁBIO RENATO QUEIROZ LIMA
Chefe da Divisão de Controle de
Documentos e Atos Oficiais
em substituição
Esse texto não
substitui o publicado no DOM em 03.01.2024.
JUSTIFICATIVA:
“[...] Um dos pontos mais interessantes
do caráter de Aluísio de Almeida, é que ele jamais requereu apenas para si a
primazia de escrever sobre a história sorocabana: pelo contrário, sempre
estimulou seus amigos e colaboradores a escrever também [...]”, escreveu Adolfo
Frioli ao jornal Cruzeiro do Sul na data de 15 de agosto de 1981.
Para compreender a relevância do
conjunto da obra assinada por Aluísio de Almeida é importante considerar a
trajetória da vida de seu autor: Luiz Castanho de Almeida nasceu no dia 6 de
novembro de 1904, em Guareí - SP, sendo o primeiro de cinco filhos do Coronel
Aníbal Castanho de Almeida e da professora primária Ana Cândida Rolim.
Cresceu vendo a mãe lecionando e
o pai trabalhando na indústria de algodão e serraria, sendo que a noite dirigia
um conjunto musical e era também o chefe político do lugar. Descreve-se que
dentre as contribuições de Aníbal está a construção da nova Matriz de Guareí,
encanamento de água potável, estabelecimento da rede telefônica local, de
escolas reunidas, de posto policial. Era amigo pessoal de Júlio Prestes.
Faleceu em 1939.
Pois bem, foi nesse ambiente que
surgiu para Aluísio de Almeida a vocação sacerdotal e seu interesse pela
história.
⠀
(Casa onde nasceu Aluísio de
Almeida em 1904, na cidade de Guareí)
Ainda como estudante do
seminário, em 1922, escrevia semanalmente, com crônicas, sobre a origem da
cidade de Guareí e, em 1925, já publicava artigos para o jornal “O Apóstolo” de
Botucatu com o pseudônimo de “Arnobius”. ⠀⠀
Em 8 de maio de 1927, numa
cerimônia realizada pelo Bispo Dom Aguirre, se torna sacerdote, e desse
convívio nasceu entre ambos uma imensa admiração e amizade, tendo o Bispo
depositado a confiança de assuntos importantes para o Padre Castanho. ⠀⠀
Entre 1927 e 1929, Luiz Castanho
foi secretário do Bispado, tendo em 1927 seu primeiro trabalho publicado no
jornal Cruzeiro do Sul e assim se iniciava outra vocação como folclorista e
pesquisador. No ano de 1929 pede para ser designado à Paróquia de Itararé, onde
funda o jornal “Santa Terezinha” e em 1930 escreve seu primeiro livro: ”Gema
Galgani”.
Depois de quase dois anos em
Itararé, recebe de Dom Aguirre a incumbência da Paróquia de Guareí, sua terra
natal. Ficou por lá entre 1930 e 1933,
sendo que de 1930 a 1931 passou a escrever para o Boletim Diocesano de
Botucatu, além de continuar atuando com suas obrigações paroquiais… Isto em
tempos tão difíceis, como o da Revolução Constitucionalista de 1932.
No fim de 1932, contraiu o tifo
negro, ficando entre à vida e à morte, mas felizmente se recuperando após um
tratamento em Itapetininga.
Para continuar a sua recuperação,
em fevereiro de 1933, foi transferido à cidade de Sorocaba, como coadjuntor da
Catedral, residindo no Mosteiro de São Bento. Em 8 de maio de 1933 se torna o
vigário da Paróquia de Bom Jesus dos Aflitos, sendo a matriz localizada em
frente a Chácara Amarela onde futuramente seria construído o Ginásio de
Esportes.
Começou em 1937 a sofrer dos
sintomas da incurável esclerose múltipla em placas (inflamação nas pontas dos
nervos), fazendo diminuir lentamente as suas obrigações de paroquiato. Nesse
momento, como auxiliar na Paróquia do Bom Jesus dos Aflitos, teve contato com
papéis e registros eclesiásticos e, mediante esse constante manuseio, percebeu
a riqueza de informações contidas em tais documentos históricos, fomentando
ainda mais sua vocação como historiador. ⠀⠀
A prática da pesquisa parece ter
se desenvolvido de maneira espontânea, intensificando-se a partir de seu
recolhimento (1939). Não possuía formação de historiador: suas técnicas de
pesquisa e metodologia são dificilmente percebidas em seus trabalhos, pois não
explicita nunca os procedimentos de seleção, leitura e análise da documentação,
nem tampouco indica as fontes consultadas.
Em função de suas limitações
físicas, recorria constantemente à ajuda de amigos, que transcreviam suas
passagens ou anotavam seus textos ditados... Essa condição, associada à própria
ideia que Aluísio de Almeida tinha sobre produção histórica a de evitar
pesquisas exaustivas, que resultassem na demora de publicações, das quais
Sorocaba era tão carente, possibilitou um número volumoso de publicações e uma
característica peculiar de sua escrita: textos truncados, frases descoladas,
assuntos repetidos em várias passagens. Parecia haver pressa em publicar!
Pressa em registrar o passado do nosso povo!
Mesmo com as limitações da
doença, viajava para São Paulo e Rio de Janeiro, pesquisando inúmeros
documentos arquivados, além de ficar horas em nossos arquivos da Câmara e
Prefeitura Municipal. Essas pesquisas resultaram num enorme conhecimento em
diversas áreas, dentre elas de história e folclore do Estado de São Paulo, que
por sua vez se transformaram em diversos livros ricos de informações
importantes para os leitores mais assíduos de história. ⠀
Tinha muito contato com centros
de pesquisa, documentação e produção histórica, como Instituto Histórico e
Geográfico de São Paulo, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (RJ), o
Arquivo Municipal de São Paulo e instituições equivalentes do interior
paulista.⠀
Aproximou-se da produção de
história paulista que então se fazia, estimulada, sobretudo pelo Instituto
Histórico e Geográfico de São Paulo. Construiu uma visão de história local
justificado pelo caráter heróico do paulista na construção da nação: para Aluísio
de Almeida, a história de Sorocaba espelhava o caráter de um povo destemido que
edificou sua própria grandeza, contribuindo para a unidade política e econômica
da nação ao longo de sua história.
O que era exatamente a imagem construída
do paulista na produção do IHGSP e demais instituições comprometidas, naquele
momento, com a legitimação de São Paulo. Tais estudos primavam por conceber a
história do Brasil em função de uma certa história paulista, caracterizada pela
promoção de “ciclos econômicos” fundamentais para a construção da nação: o
“bandeirismo” e sua contribuição para o desbravamento do interior e unificação
política daquelas regiões; o “tropeirismo” e a construção definitiva de uma
unidade econômica no centro-sul do Brasil, afastando o perigo espanhol naquelas
partes, o “café” e o enriquecimento da nação, garantindo também em caráter
definitivo a sua entrada no “ciclo da industrialização”.
Além do café, explicitamos que o
açúcar (nosso município foi o segundo maior produtor do país) e o algodão
produzido também pela nossa agricultura, clamou pela vinda de um transporte
mais potente e eficaz – A Estrada de Ferro Sorocabana. Essa visão econômica de
nossa região reflete diretamente na construção de inúmeras empresas, que se
transformam em pujantes indústrias.
Desconhecemos, por exemplo, que
as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, aqui tiveram seu início, antes de
se transferirem para a Capital. Esse problema da “fuga” de futuras indústrias
de grande porte para a cidade de São Paulo e outras, deve-se a problemas
climáticos que tivemos como é o caso da grande enchente de 1929 e consequência
também para a saúde de nossos habitantes.
O conhecimento desse fato é
fundamental no exemplo do que pode se repetir agora em nossos dias. Vamos
ignorar esses fatores? Basta termos um pouco de conhecimento da História de
nossa cidade para que providências possam ser – senão evitadas, ao menos minimizadas.
Lembramos que o estudo do prolongamento da Estrada de Ferro Sorocabana, de
Mairinque até a baixada santista, quebrou o monopólio da ferrovia inglesa que
detinha uma vasta área (a mais propícia) de possível construção de um novo
caminho.
O tropeiro, do qual tanto
falamos, foram os primeiros a construir um acesso ao sul do Brasil de Viamão a
Sorocaba. Mas a coisa não para nesses fatos essenciais – pois para que estes
existam são necessários compradores e estes vêm de todas as partes – salientando
Minas Gerais – pois a legislação da época impedia a criação desses animais nas
áreas de mineração.
Aluísio de Almeida concebeu a
história local a partir dessa perspectiva, grandemente influenciado por tais
estudos: é conhecida a sua amizade com Afonso d´Escragnole Taunay, Diretor do
Museu Paulista entre 1917 e 1946, período em que a mesma instituição passou por
uma completa reestruturação, compondo o que até hoje verificamos como uma
exposição que representa a história pátria justificada pela exemplar
contribuição histórica dos paulistas. Os “períodos econômicos” estão lá
representados, as fases heróicas da trajetória dos paulistas, sempre em relação
a edificação da nação. Justifica-se, assim, a proeminência de São Paulo no
poder.
Os trabalhos de Aluísio de
Almeida eram também citados por pesquisadores da história paulista, como o
próprio Taunay e Alfredo Ellis Júnior, que fundamentou a existência de um
“ciclo de muar” em artigo publicado na Revista de História, da USP, em 1950, utilizando
inclusive trechos inéditos de Aluísio de Almeida sobre a passagem do gado por
Sorocaba. O que acusa o contrato desses pesquisadores com a produção de
Monsenhor Castanho.
Aliás, os temas privilegiados por
Aluísio de Almeida sempre foram aqueles relativos à história paulista. Também
buscou resgatar o folclore e as tradições populares dessa região, escrevendo
inúmeros artigos publicados especialmente na Revista do Arquivo Municipal de
São Paulo nas décadas de 40 e 50. Essa revista demonstrava claramente a
intenção de exaltar a história paulista, tornando-a fundamental para a
construção da nação. Os escritos de Aluísio de Almeida também se inserem nessa
ótica, com a particularidade de destacar a região de Sorocaba nessa explicação
histórica.
Não só seus artigos se
comprometem com essa visão, mas também seus livros, publicados algumas vezes
com seus recursos do próprio autor. Dentre os que abordam Sorocaba de maneira
especial, tem-se O tropeirismo e a feira de Sorocaba (1968), História de Sorocaba
(1969), Vida e Morte do Tropeiro (1971), além de publicações mais antigas que
tratam do liberalismo na cidade: Sorocaba, 1842 (1938), A Revolução Liberal de
1842 (1944).
Muito solicitado por estudantes,
historiadores, jornalistas e simplesmente curiosos de história, Aluísio sempre
foi atencioso com todos, sendo a única dificuldade a comunicação por causa da
surdez progressiva que sofria, possivelmente como sequela da tifo, mas
contornada com papel e caneta ou com a leitura labial que o velho padre
conseguia fazer.
Inclusive, foi Monsenhor Luiz
Castanho de Almeida quem sugeriu a data oficial de aniversário de Sorocaba: o
dia 15 de agosto!
Foi professor de latim e
português no Ginásio do Estado, Reitor do Seminário, participou da Comissão
Paulista de Folclore, Presidente Perpétuo do Instituto Histórico, Geográfico e
Genealógico de Sorocaba, além de um dos idealizadores do Museu Histórico Sorocabano.
Para compra do jornal Cruzeiro do
Sul de seu proprietário Hélio da Silva Freitas, foi criada uma fundação e seus
criadores consultaram Aluísio para que sugerisse o nome de uma figura maçônica
que houvesse se destacado em Sorocaba. E dessa sugestão surgiu a Fundação
Ubaldino do Amaral presente até os dias atuais.
É nessa época a construção de sua
casa, na rua Rui Barbosa, sede do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico
de Sorocaba (herança viva e direta de Aluísio de Almeida). Morou ali com a
família, e ali faleceu. O título de Monsenhor receberia em 1962.
Faleceu em sua casa de uma grave
infecção pulmonar em 28 de fevereiro de 1981. Após uma hora de sua morte
celebrou-se uma missa de corpo presente no local, depois o seu corpo acabou
sendo transportado para a Catedral onde foi velado, seguindo da realização de
outra Celebração Eucarística.
Centenas de pessoas acompanharam
o Divino Ofício, incluindo, ex-alunos, historiadores, amigos e admiradores. Foi
enterrado no Cemitério da Saudade no túmulo da família, adquirido por ele em
1937, estando atualmente sob as sombras de uma árvore, próximo ao túmulo de seu
amigo Antônio Francisco Gaspar, falecido em 1972. ⠀⠀
A especificidade de Sorocaba,
segundo as obras de Aluísio de Almeida, estaria no tipo particular de
bandeirante que aqui residiu, no entrosamento articular da sociedade local com
o tropeirismo, nas iniciativas individuais de destemidos empreendedores sorocabanos,
de nascimento ou de adoção. A história, assim, não precisa de explicação, mas
de justificação. Ela já está dada, já está traçada. A singularidade de
Sorocaba, ameaçada de se perder nessa leitura que tudo homogeneíza, dá-se pelo
caráter de seu povo, imbuído de qualidades que o reconheceriam como legítimo
construtor da nação: a bravura, a ousadia, a iniciativa, o espírito liberal.
Todos esses valores estão
expressos na obra de Aluísio de Almeida, significando uma história
legitimamente sorocabana. É sorocabana pela intenção de se definir uma
identidade social (portanto política, econômica e cultural) à cidade, que seria
extensiva à sua população como que por força do próprio destino histórico. O
propósito que revela com essa visão de história é o de congregar toda
sociedade, criando valores comuns e legítimos porque historicamente dados, e
promover o progresso local, pois a história que se mostra é uma história em que
os conflitos foram resolvidos ou acomodados, em que a cidade cresceu e se
desenvolveu, em que as diferenças se justificam pelo projeto compartilhado de
construir uma cidade – e, pois uma – rica e feliz.
Em 1981, em homenagem ao
Monsenhor Castanho, a Biblioteca da Fundação Dom Aguirre passou a se chamar
Biblioteca “Aluísio de Almeida”.
⠀⠀
Em 15 de agosto de 1982, foi inaugurada
a Casa Aluísio de Almeida, que além de ser um museu sobre Monsenhor Castanho,
era a sede do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, que
hoje contém uma grande biblioteca para seus associados.
Ademais, registramos que através
da Lei Municipal nº 9.739, de 06 de outubro de 2011, a Prefeitura Municipal de
Sorocaba repassou ao Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba
– IHGGS, recursos para finalização das obras de ampliação da Casa Aluísio de
Almeida e da sede desta nobre entidade.
Aqui é imperioso destacarmos que
o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, foi fundado em 03
de março de 1954, com a finalidade de preservar a história e a memória da gente
de Sorocaba. No decurso de sua existência conseguiu reunir valioso acervo que
para efeito de organização interna divide-se em: Biblioteca Histórica de
Sorocaba, Prof.ª Maria Augusta de Macedo; Museu da Imagem e Som de Sorocaba –
MISS; Museu Sorocabano de História Militar; e a Capela Cultural do Monsenhor
Luiz Castanho de Almeida.
Através da divulgação de seus
trabalhos, por meio de publicações, reuniões, comunicação de estudos, etc.,
decisivamente o Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Sorocaba,
elabora a descrição da identidade cultural de nossa gente.
Tanto que, com a promulgação da
Lei Municipal nº 12.829, de 26 de junho de 2023, o Instituto Histórico
Geográfico e Genealógico de Sorocaba foi declarado como Patrimônio Cultural
Material da nossa cidade.
Assim, há mais de meio século, um
grupo de indivíduos, às suas próprias custas, vêm trabalhando incessantemente,
para preservar documentos, montar um acervo, e finalmente divulgar quem é o
sorocabano, e abre de forma gratuita a qualquer indivíduo que deseja estudar,
vasculhar, e até mesmo reproduzir o acervo.
E, nesta oportunidade, prestamos
reverência aos Excelentíssimos Professor Adilson Cezar, e Dr. Lucas Gandolfe,
que auxiliaram este mandato na construção do presente projeto de lei. É graças
ao labor voluntarioso e desinteressado, cujo único escopo é a satisfação do
interesse público, que vamos caminhando, sempre em vista da valorização da
memória, história e cultura do povo sorocabano.
Faremos, nesta oportunidade, mais
uma digressão em relação ao IHGGS. Por ocasião do falecimento do Mons.
Castanho, podemos afirmar que seus ideais continuam vivos e dando oportunidades
para outros se dedicarem ao culto dessas Ciências e expandir o nosso conhecimento
sobretudo com relação a nós.
O então Prefeito Dr. José
Theodoro Mendes, percebendo a importância do local, apesar de sua simplicidade,
o incorpora ao patrimônio municipal, e estabelece que naquele local deveria
ficar sob a responsabilidade o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de
Sorocaba – instituição essa da qual Aluísio de Almeida havia sido o fundador.
Apesar de pequeno e com muitos reparos a serem feitos, o IHGGS administrou o
local até o momento em que se percebeu que outras associações (dentre as quais
algumas cujas características diferem muito da forma de pensar do Padre
Historiador) desejavam repartir o espaço.
Por isso, quando o supracitado
Magnífico Prof. Adilson Cezar assumiu a direção dessa Instituição até os dias
de hoje, cuidou-se com muito carinho do local. As reuniões são muitas e basta
olhar para o que foi nelas integrado, para perceber o quanto “outros” acreditam
ser importante. Assim, por exemplo, de imediato deu-se posse a um Governador do
Estado de São Paulo, enquanto nessa condição.
Foram visitados por alguns
Ministros, Comandantes das Três Forças Armadas, a Polícia Militar do Estado de
São Paulo é parceira em contínuos eventos, e muitas outras autoridades, algumas
até de renome como o Senador Dr. José Ermírio de Moraes; o Tenente Brigadeiro
do Ar Cherubim Rosa; o poeta Paulo Bomfim, etc.
(estas citações podem ser documentadas além das atas, através de
fotografias).
A sala de reuniões se fazia
sempre apertada, dificilmente muitos ficavam sem contato ou audição das
preleções. Era urgente a necessidade de maior espaço, deixando a Casa em si,
como era na época do Monsenhor, privilegiando os hábitos e costumes.
Na parte superior a Biblioteca,
hoje especializada nas ciências que declinamos, bem como outros arquivos
importantes para nossa história – o MISS – Museu da Imagem e Som de Sorocaba,
ao qual dedica-se uma atenção especial, pois todos os negativos estão condenados
a desaparecer. Graças a atuação de uma Loja Maçônica conseguiu-se adquirir uma
máquina que reproduz os negativos diretamente para o sistema digital. Como há
carência de recursos para pagar funcionários, conseguiu-se e instalou-se tal
aparelho em uma penitenciária – local onde alguns prisioneiros podem fazer a
digitalização e em contrapartida ganham alguns dias a menos em sua penalidade.
Também, foi instalado o Museu
Sorocabano de História Militar, dada a importância e destaque de Sorocaba em
alguns aspectos bélicos – infelizmente todo esse material está guardado e sem a
devida identificação, lembrando que com a biblioteca, apesar do acesso ser mais
fácil, antes se dispunha de uma bibliotecária que fazia o devido serviço...
Resolveu-se solicitar ao então
Prefeito Dr. Paulo Mendes a desapropriação da casa vizinha. Isso teve seu
início e depois de anos conseguiu-se obter o imóvel que imediatamente foi
demolido, para poder construir um espaço mais amplo e preservar o Patrimônio
Histórico. Reuniu-se uma equipe – cujos nomes encontram-se para serem vistos
logo na entrada do edifício. O Arquiteto Ricardo Bandeira nos brindou com
visual moderno e que destaca sobremaneira a antiga casa. Aliás, para aqueles
que percebem essa imagem, sentem afeição pelos sorocabanos que prestigiam e
valorizam, preservando a História.
O Instituto, de início, deu
continuidade à publicação de uma revista que fornece um conteúdo ímpar – a
publicação sem continuidade dada a ausência de recursos – era quando dava. Mas
sua admirável qualidade está e continua à disposição. Em razão do exposto
passamos a publicar um periódico que denominamos “Sorocaba”, também de grande
qualidade e sem prazo determinado. Posteriormente, verificando a
impossibilidade de continuar a pagar uma gráfica, optamos pela publicação de
dois periódicos: “O Paulista” e “O Fornovo”, sendo ambos bimestrais, mas os
dois digitalizados. Estes registram não apenas Sorocaba, mas o espaço
geográfico que nossas atividades atingem, desde o Amazonas ao Rio Grande do
Sul.
No exterior, o contato maior
continua sendo com Portugal e a Argentina. Conseguiu-se a duras penas a
reedição de alguns dos livros escritos pelo Monsenhor, até o momento que isso
se tornou impraticável, devido o alto custo. Pelo descrito percebe-se que estando,
por exemplo, na mais antiga associação histórica de nosso país – o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (local onde se elaborou a maior parte do que
conhecemos como História do Brasil) estes de imediato reconhecem os feitos dos
sorocabanos.
Apoiou-se outras entidades por
motivos diversos, como o Conselho Maçônico de Sorocaba e Votorantim, e a
Academia Militar Terrestre do Brasil/SP. Atualmente está-se migrando pouco a
pouco para as áreas visuais, auditivas e digitalizadas, como foi o caso da
reedição da História de Sorocaba para Crianças, através da Câmara Municipal de
Sorocaba. Anualmente o IHGGS mantém uma agenda histórica, pré-elaborada onde
não apenas ressalta a determinação de entidades como a nossa ou personalidades
indicadas e cuja comprovação é realizada através de documentação.
Elaborou-se algumas
condecorações, para premiar essas pessoas e lembrá-las que devem ainda mais se
dedicar. Importante informar que a maioria dessas condecorações são
oficializadas pelo Governo do Estado de São Paulo, devendo tais serem
registradas no órgão apropriado. Senhores, a nossa descrição ainda é pequena
face ao quanto o Instituto tem contribuído para dar prosseguimento a divisa de
seu Brasão d’Armas: “SOROCABÆ RERVM GENTISQVE CVLTVS IN ÆVVM” (Culto da Gente
de Sorocaba para Sempre).
Pelos dados expostos, e a percepção
de que o comodato/concessão de uso que existe entre o Instituto e a Prefeitura
irá acabar no ano de 2024, acreditamos que o melhor a se fazer é a renovação
para que pelo menos esse pequeno grupo possa continuar a exaltar nossa grei…
Pois bem, em 17 de agosto de 1984
foi inaugurada a Praça Aluísio de Almeida na Vila Santana, pelo prefeito de
Sorocaba, Luiz Francisco, na presença de 3 mil moradores do bairro. Na época a
praça era a maior de Sorocaba, com 6 mil metros quadrados construídos,
abrigando pista de caminhada, campo de futebol, quadra de vôlei, duas quadras
de futebol de salão e basquetebol, aparelhos de ginástica e mais de 200 árvores
plantadas.
Em 1988, foi criada a Escola CEI
“Aluísio de Almeida” no bairro do Brigadeiro Tobias. Também a Lei Municipal nº
2.530, de 05 de dezembro de 1986, instituiu, em homenagem ao Monsenhor Luiz
Castanho, a “Semana Aluísio de Almeida”, a ser comemorada na primeira quinzena
do mês de novembro.
No Parque Jataí em Votorantim
existe a Rua Monsenhor Luiz Castanho de Almeida. ⠀⠀
Registramos, ainda, que o Governo
do Estado de São Paulo oficializou mediante a edição do Decreto nº 29.031, de
18 de outubro de 1988, a Medalha Cultural “Aluísio de Almeida”, instituída pelo
Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba.
Destaquemos, aqui, sua vastíssima
bibliografia:
A Diocese de Sorocaba e o seu
primeiro Bispo. Sorocaba. 1974.
A revolução liberal de 1842.
Coleção Documentos Brasileiros. Livraria José Olympio Editora. RJ. 1944.
Contos do povo brasileiro.
Editora Vozes Ltda. Petrópolis, RJ. 1949.
Dom Lúcio. 2ª ed. Editora Vozes
Ltda. 1956.
História de Sorocaba. I Volume
(1589 – 1822) Sorocaba. 1951.
História de Sorocaba. Instituto
Histórico de Sorocaba. 1969.
História de Sorocaba para
crianças. 1ª ed. Instituto de Ciências e Letras de Sorocaba. 1968.
História de Sorocaba para
crianças. 2ª ed. Prefeitura Municipal de Sorocaba. 1980.
Luiz Matheus Maylasky, Visconde
de Sapucaí (em colaboração com Antônio Francisco Gaspar) São Paulo. 1938.
Sorocaba, 1842. São Paulo. 1938.
O sacerdote Diogo Antônio Feijó.
Editora Vozes Ltda. 1951.
O tropeirismo e a feira de
Sorocaba. Sorocaba. 1968.
Velhas e novas anedotas. Editora
Vozes Ltda. 1953.
Vida e morte do tropeiro. 2ª ed.
Livraria Martins Editora Edusp. São Paulo. 1981.
50 Contos populares de São Paulo.
1ª ed. Sorocaba. 1947.
50 contos populares de São Paulo
2ª ed. Conselho estadual de Cultura. São Paulo. 1973.
Quanto às publicações, estas
citadas são obras por nós consideradas principais, porém existem muitas outras.
Lembramos também de seus artigos publicados em revistas especializadas ou não.
Todos têm em comum uma grande fonte de conhecimento e se bem aproveitada dará
certamente grandes oportunidades para “a gente de Sorocaba”, expressão dele.
Salientamos que a sua História de
Sorocaba para Crianças, do autor referido e reeditado pelo IHGGS, foi ainda
este ano lançada em forma de áudio – pela Câmara Municipal de Sorocaba. A
finalidade é uma só, preservar nossos documentos, que no amanhã aparecerão
outros pesquisadores que vão enriquecer nosso conhecimento da História,
Geografia, Sociologia e o importante perfil do sorocabano/cosmopolita que
somos.
Não vamos permitir que se desfaça
esse enorme legado, que juntamente com outros, como por exemplo o Prof. Milton
Marinho Martins; Antonio Francisco Gaspar; o fotógrafo que registrou o nosso
passado recente Rogick Vieira (cujos milhares de negativos se encontram no
IHGGS); o Com. Luiz Almeida Marins; o Dr. José Crespo Gonzales; o jorn. João
Dias de Souza Filho; dentre inúmeros outros que mantiveram contato com Aluísio
de Almeida e confirmaram dados para suas pesquisas. Algumas se tornaram livros,
outras serviram para espalhar o conhecimento sobre determinados dados. Sempre
que citar Casa (de) Aluísio de Almeida, evidenciar o “de”, pois não se trata de
uma loja que vende prendas ou outros objetos, era sim a casa dele – isso é
importante para não cair em enganos – a grande maioria de instituições que
existem realmente não tem o “de”, pois são simples homenagens – e não o local
onde viveu, sofreu, dedicou-se ao seu prazer, escrever a nossa história e a
Igreja Católica Apostólica Romana, da qual fez parte inclusive obtendo
benesses.
Deste destacamos a Igreja
particular que existe em um de seus cômodos, com a cadeira de rodas, de onde
celebrava a missa (tinha permissão papal para essa realização); já o pseudônimo
Aluísio de Almeida (que nada esconde) era utilizado para evitar as dificuldades
de realizar qualquer publicação que não obtivesse aval da Igreja.
Para finalizarmos, expomos que em
todos os cantos de nossa cidade, estado e país, o Monsenhor Luiz Castanho de
Almeida (Aluísio de Almeida) é conhecido como “O Pai da História de Sorocaba”,
cidade que nela viveu e produziu várias de suas melhores obras, sendo o
presente projeto de lei uma ratificação oficial por parte dos Poderes
Municipais.
Vamos, diante disso, pouco a
pouco recuperando os valores e princípios de nossos maiores do pretérito, do
bandeirante, do tropeiro, do industrial, do ferroviário, e de nós hoje, para
que no amanhã continuem os nossos filhos a sentirem por nós o orgulho que temos
pela atuação de nossos ancestrais.
Se não dispuséssemos desse
orgulho, certamente não desejaríamos preservar nada.
Compete, portanto, aos colegas
vereadores, nobres pares, a resolução de colaborar conosco, neste incrível e
maravilhoso mister de simultaneamente recordar e fazer história.
Estando, pois, plenamente
justificada a presente propositura, diante da relevância desta ação legislativa
voltada à preservação da história, memória e cultura dos sorocabanos e, certo
de contar com o costumeiro apoio de Vossas Excelências para aprovarmos este
relevantíssimo projeto de lei, reiteramos protestos de elevada estima e
consideração.