LEI Nº
10.391, DE 6 DE MARÇO DE 2013.
Dispõe sobre
denominação de "JOÃO PERES" a uma praça pública de nossa cidade e dá
outras providências.
Projeto de
Lei nº 448/2012 - de autoria do Vereador Paulo Francisco Mendes.
A Câmara
Municipal de Sorocaba decreta e eu promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º Fica denominada "João
Peres" a praça pública localizada na confluência da Avenida Darci Carvalho
Dafferner com a Avenida Antonio
Bardella, em nossa cidade.
Art. 2º A placa indicativa
conterá, além do nome, a expressão: "Cidadão Emérito - 1923 - 1999".
Art. 3º As despesas com a
execução da presente Lei correrão por conta das verbas próprias consignadas no
orçamento.
Art. 4º Esta Lei entra em
vigor na data de sua publicação, revogando-se expressamente a Lei nº 5.248, de 25 de outubro de 1996.
Palácio dos
Tropeiros, em 06 de março de 2013, 358º da Fundação de Sorocaba.
ANTONIO
CARLOS PANNUNZIO
Prefeito
Municipal
ANESIO
APARECIDO LIMA
Secretário de
Negócios Jurídicos
JOÃO LEANDRO
DA COSTA FILHO
Secretário de
Governo e Relações Institucionais
Publicada na
Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais, na data supra
MARIA
APARECIDA MARINS DEAMON
Chefe da Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais.
Este texto não substitui o publicado no Diário
Oficial.
JUSTIFICATIVA:
Filho dos
espanhóis José e Consolação Peres, o empresário João Peres nasceu em Sorocaba,
em 1º de fevereiro de 1923, onde viveu até falecer em 15 de junho de 1999. Em
31/03/1945, casou-se com Dionísia Calvo Peres, hoje com 86 anos.
Aos três
filhos, José Santiago, João Willian e Marize; aos seis netos e dez bisnetos,
João Peres deixou uma herança valiosa e que, infelizmente, poucos conseguem
legar: um nome impoluto, sinônimo de honestidade, caráter e integridade.
Mecânico por
formação e empreendedor por natureza, João Peres soube como poucos absorver
conhecimentos e utilizá-los de maneira pragmática e, não raras vezes, muito à
frente do seu tempo.
Pena que o
tempo de que dispomos aqui é insuficiente para contar com maior riqueza de
detalhes um pouco mais do que foi, fez e representa nosso homenageado.
Afinal, a
vida de João Peres neste plano de existência foi intensa, repleta de exemplos e
lições que, ao longo do tempo, se transformaram em valores aplicados
diariamente na empresa que criou, a Automec, e que para inúmeras pessoas com as
quais conviveu, amou e o amaram, sejam elas familiares, amigos ou funcionários.
Para João
Peres, a palavra sobrepunha-se a papéis ou contratos. Sua palavra bastava para
aqueles com quem negociava, pois era a maior garantia que podiam ter de que o
combinado seria cumprido.
Reservado,
preferia o convívio familiar e a vida na empresa às festas ou badalações.
Gostava de desfrutar da companhia dos filhos, netos e de dois amigos em
especial: Fernando Stecca e João Tagliaferro.
Apesar da
origem simples, João Peres era refinado. Falava sempre baixo. Vestia-se com
elegância e discrição. Sabia comportar-se impecavelmente à mesa e escolher bons
vinhos. Aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele sabem que o seu
preferido era o Marquês de Riscal, sobretudo se fosse
acompanhado de cabrito assado que sua esposa preparava. O refinamento também se
revelou quando ele próprio criou as linhas arquitetônicas da casa que construiu
no bairro Santa Rosália, e que, ainda hoje, chamam a atenção de quem passa pelo
local pelos seus ares futuristas.
João Peres
tinha a característica de saber aprender. Aprendia sozinho. Foi um puro e belo
exemplo de autodidatismo.
O dom para o
comércio despontou ainda na adolescência, quando vinha à
cavalo até a região urbana de Sorocaba e encantava-se com a agitação do
comércio e do vaivém dos carros que, se comparado ao caótico trânsito de hoje,
era irrisório, mas dava vida às ruas daquela nostálgica Sorocaba do começo dos
anos 40.
Aos 12 anos
de idade, foi contratado para trabalhar na tradicionalíssima Oficina Mencacci. Nascia ali a sua paixão pela mecânica
automobilística.
Sozinho,
começou a estudar e conhecer o funcionamento dos motores. O resultado foi que,
em pouco tempo, tornou-se o mecânico número um daquela empresa. Sua fama
começou a se alastrar pela cidade. Nascia ali o João, o melhor mecânico de
Sorocaba como tornou-se conhecido por muito tempo.
Mas, assim
como a mecânica, o empreendedorismo era latente em sua alma. O jovem João
buscava meios de ascender na vida. Em 12 de agosto de 1949, fundou a Automecânica Sorocaba, oficina especializada na manutenção
de carros e caminhões.
Paralelamente,
e junto com seu cunhado Vicente Ramires, ia para São Paulo, comprava caminhões
e os revendia no Sul do País. Em muitas ocasiões, com o dinheiro da venda,
adquiria outro lá mesmo e, com o lucro da transação, comprava pneus,
carregava-os no caminhão e vinha aqui revendê-los por estas terras.
João
continuava atento às oportunidades, foi quando viu nos famosos caminhões Studebaker uma nova oportunidade. Junto com três sócios,
montou uma concessionária dessa marca. Porém, o negócio e a parceria não
duraram muitos anos.
Foi aí que
decidiu abrir outra concessionária, a DKW-Vemag e começar a importar e revender
os tratores Massey Ferguson. A DKW, é bom que se diga, foi a pioneira da
indústria automobilística no Brasil, e dominou parte do mercado nacional.
Naquela
época, o jovem empresário percebeu outra oportunidade. Descobriu que algumas
embaixadas colocavam à venda carrões importados que eram febre
entre os jovens endinheirados. Eram os famosos carros rabo-de-peixe, João ia ao
Rio de Janeiro, onde estava instalada a capital do País, comprava-os e
revendia-os em Sorocaba e região.
Mesmo após o
encerramento das atividades da DKW no País, João Peres não desistiu de
empreender. Foi nesse momento, no começo dos anos 60, que decidiu procurar
outra montadora para representar. Desta vez, a escolhida foi a General Motors.
A autorização
da fábrica americana foi concedida em 16 de abril de 1962, e este
"casamento" dura até os dias atuais.
Na década de
80, comprou uma fazenda no município de Pereiras. Seu objetivo era investir na
criação de gado leiteiro, inclusive com fertilização in vitro - algo
pouquíssimo conhecido até então.
Atento a
tudo, sua veia empreendedora vislumbrou algo além do mercado leiteiro. Notou
que a irrigação da plantação era precária e idealizou um sistema inédito para
irrigar grandes áreas.
João chegou a
montar uma indústria especializada nessa área, justamente onde, hoje, funciona
a sede da Automec aqui, em Sorocaba.
João Peres
sempre foi extremamente fiel à marca Chevrolet. Nunca quis - apesar dos
insistentes convites - representar outras montadoras. Preferiu investir na
marca que construiu com tanta dedicação e na do parceiro que representa há
exatos 50 anos.
Hoje, além de
Sorocaba, a Automec está presente em seis cidades (Itu, Indaiatuba, Amparo,
Limeira, Franca e Americana). Emprega, aproximadamente, 700 funcionários. Todos
os presidentes da Chevrolet que vêm ao Brasil, fazem questão de vir até aqui
para conhecer esta concessionária que, há 15 anos consecutivos,
recebe o prêmio "Classe A" da General Motors, reconhecimento
alcançado por apenas outras três concessionárias brasileiras.
Mesmo tendo
chegado a um patamar elevado dentre os empresários do ramo automobilístico do
Brasil, João nunca tornou relativa sua origem profissional.
Muito pelo
contrário. Antes de ser empresário, era um mecânico e tinha muito orgulho de
sempre que podia reafirmar essa condição e sua origem.
Isso explica
o porquê adorava ir às oficinas das suas empresas para conversar com os
mecânicos. As oficinas, por sinal, eram e ainda são extremamente limpas e
organizadas em toda a rede Automec. Afinal ele sempre fez questão que esses
espaços fossem assim, exatamente impecáveis na aparência e na qualidade.
Esta é apenas
uma parte da rica história de vida do nosso homenageado. Um homem que teve sua
existência marcada pelo trabalho, pela retidão e pelo amor.
A partir de
hoje, Sorocaba pode se orgulhar de ter um bem público denominado com o nome de
João Peres, sinônimo de honestidade, caráter, integridade e honra.