LEI Nº 12.990, DE 5 DE ABRIL DE 2024.

 

Institui diretrizes para implantação da Política Municipal de Incentivo ao Futebol Feminino, no município de Sorocaba.

 

Projeto de Lei nº 07/2024, do Edil João Donizeti Silvestre

 

A Câmara Municipal de Sorocaba decreta e eu promulgo a seguinte Lei:

 

Art. 1º Fica instituído as diretrizes para a implantação da Política Municipal de Incentivo ao Futebol Feminino, com a finalidade de estimular as mulheres de todas as idades que gostam do futebol a praticá-lo regularmente, propiciando o desenvolvimento orgânico dessa modalidade esportiva e criando mecanismos e ideias que alavanquem a categoria, no Município.

 

Parágrafo único. Para os fins desta lei, entende-se por futebol as diversas formas de prática deste esporte, tais como futebol de campo, futebol de salão (futsal), futebol Society, futevôlei e futebol de areia.

 

Art. 2º As diretrizes para a implantação da Política Municipal de Incentivo ao Futebol Feminino, obedecerão aos seguintes princípios:

 

I - Inclusão Social;

 

II - busca da construção de campeonatos femininos no Município;

 

III - respeito à diversidade;

 

IV - estímulo a prática do esporte;

 

V - promoção da valorização da Mulher nos meios esportivos;

 

VI - estímulo de campanhas sobre direitos da Mulher e os canais de promoção de proteção à mulher.

 

VII - inclusão de diretrizes no Código Desportivo do Município, que possa incluir o Futebol feminino;

 

VIII - estimular a participação de mulheres no corpo de técnicos, árbitros e assistentes técnicos junto ao futebol da cidade de Sorocaba.

 

Art. 3º O Poder Executivo Municipal, regulamentará a presente lei, no que couber.

 

Art. 4º As despesas decorrentes da execução desta lei, correrão por conta das dotações orçamentárias próprias.

 

Art. 5º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

 

Palácio dos Tropeiros “Dr. José Theodoro Mendes”, em 5 de abril de 2 024, 369º da Fundação

de Sorocaba.

RODRIGO MAGANHATO

Prefeito Municipal

DOUGLAS DOMINGOS DE MORAES

Secretário Jurídico

AMÁLIA SAMYRA TOLEDO EGEA

Secretária de Governo

CRISTIANO ANUNCIAÇÃO DOS PASSOS

Secretário de Esporte e Qualidade de Vida

Publicada na Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais, na data supra.

FÁBIO RENATO QUEIROZ LIMA

Chefe da Divisão de Controle de Documentos e Atos Oficiais

em substituição

 

Esse texto não substitui o publicado no DOM em 09.04.2024.

 

JUSTIFICATIVA:

As mulheres têm sido importantes para o desenvolvimento e evolução do futebol até hoje. Os primeiros indícios datam desde o tempo da Dinastia Han (206 a.C. - 220 d.C.) em que elas jogavam uma variação do antigo jogo chamado TSU Chu. Há outros relatos que indicam que, no décimo quinto século, era usual que as mulheres desempenham jogos de bola, especialmente na França e na Escócia. Em 1863, foram definidas regras para prevenir a violência no jogo, enquanto que era socialmente aceitável para as mulheres. Segundo a FIFA, a primeira partida oficial entre mulheres foi disputada no dia 23 de março de 1885, em Crouch End, Londres, Inglaterra. Os dois times foram divididos em Norte e Sul, representando duas partes da cidade. A Primeira Guerra Mundial, foram a chave para a superlotação de futebol feminino na Inglaterra. Porque muitos homens foram para o campo de batalha, já a mulher foi introduzida na força trabalhadora. Muitas fábricas tiveram suas próprias equipes de futebol que até então eram privilégio de homens. A mais exitosa destas equipes existe foi Dick, Kerr's Ladies of Preston, Inglaterra. A equipe foi bem-sucedida, atingindo resultados como os de um jogo contra uma equipe escocesa que levou um "chocolate" de-0. A equipe Dick, Kerr era a mais famosa da Inglaterra, chegando a atrair mais de 50 mil espectadores no Boxing Day de 1920. Em 1921, a guerra já tinha acabado há três anos, as provas de futebol masculino estavam de regresso e a dinâmica imposta pelas mulheres era sentida mais como uma ameaça do que algo complementar. A Federação Inglesa de Futebol sentiu o novo paradigma e, pressionada por vários quadrantes, precipitou-se numa decisão que arrasou o crescimento da modalidade nas ilhas britânicas. Com o fim da guerra, entenderam que já não havia motivo lógico para que mulheres continuassem a praticar um desporto que se via como masculino. Por isso, a 5 de dezembro, a direção decidiu banir qualquer prática de futebol feminino nos estádios. Isto levou à formação da English Ladies Football Association (Associação Inglesa de Futebol Feminino) cujo início foi difícil devido ao boicote da FA que levou mesmo a mulheres a jogarem em estádios de Rugby. Após a Copa do Mundo 1966, o interesse dos amadores cresceu de tal forma que a FA decidiu voltar atrás e em 1969 criou o ramo feminino da FA. Em 1971, a UEFA instruiu seus respectivos parceiros a gerir e promover o futebol feminino e na Europa ele foi consolidado nos anos seguintes. Assim, países como a Itália, E.U.A. e o Japão têm ligas profissionais cuja popularidade não inveja o que é atingido pelos seus similares do sexo masculino. Apesar de em alguns países o futebol ser predominantemente praticado por homens, 188 países possuem seleção feminina e campeonatos de futebol profissionais e amadores para mulheres. Considera-se que a primeira partida de futebol feminino no Brasil ocorreu em 1921, entre senhoritas dos bairros Tremembé e Cantareira, na zona norte de São Paulo, conforme noticiado pelo jornal A Gazeta. Em 1941, aconteceu o primeiro jogo masculino apitado por uma mulher, num amistoso entre o Serrano de Petrópolis contra o América do Rio. Na ocasião, o árbitro passou mal e uma atleta da partida preliminar ao amistoso assumiu o apito. Em 14 de abril de 1941, durante a presidência de Getúlio Vargas, foi-se criado o Decreto-Lei 3199, proibindo a “prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina”, entre eles o futebol. Este decreto-lei só seria revogado em 1979. O Araguari Atlético Clube é considerado o primeiro clube do Brasil a formar um time feminino, que em meados de 1958, selecionou 22 meninas para um jogo beneficente em dezembro deste mesmo ano. O sucesso desta partida foi tão grande, que a revista "O Cruzeiro" fez matéria de capa sobre o acontecimento, pois até então, partidas femininas só ocorriam em circos ou em quadras de futsal. Com esta divulgação, houve, nos meses seguintes, vários jogos do time feminino do Araguari em cidades de Minas Gerais (Belo Horizonte inclusive) e também em Goiânia e Salvador. Em meados de 1959 a equipe feminina do Araguari foi desfeita, por pressão dos religiosos de Minas Gerais. É de suma importância compreendermos todo esse contexto histórico, para assim, chegarmos aos dias de hoje. E podemos ter certeza, que, como em tantos outros meios profissionais, as mulheres lutaram e ainda lutam para buscar equidade no futebol. O futebol, por muito tempo, foi considerado um esporte predominantemente masculino. No entanto, estamos testemunhando uma transformação significativa com a ascensão do futebol feminino e a sua importância crescente na sociedade. O esporte, em especial o futebol, tem um papel relevante na educação integral das jovens. A prática esportiva não apenas promove o desenvolvimento físico, mas também ajuda a aprimorar habilidades sociais e emocionais. Outro aspecto importante é o fair play, um princípio ético essencial para a convivência saudável no esporte e na sociedade. Ao promover o futebol feminino e criar um ambiente inclusivo e respeitoso estaremos quebrando estereótipos de gênero e construindo uma sociedade mais igualitária, na qual homens e mulheres convivam com base na cooperação e na colaboração. A realização da Copa do Mundo Feminina é um marco importante na história do futebol feminino. A competição inspira meninas ao redor do mundo, incentiva as atletas, e contribuí para a construção de uma geração de mulheres confiantes e determinadas a alcançar seus objetivos, tanto dentro quanto fora dos campos. Em suma, o futebol feminino e as iniciativas de promoção do esporte têm um impacto significativo na educação integral das meninas. Apoiar nossas meninas no esporte promove o empoderamento e transformação social, fortalecendo a luta por uma sociedade mais inclusiva, justa e respeitosa para todas. Com isso, buscamos que nossa cidade, através de Políticas Públicas, promova cada dia mais a importância do futebol feminino, e possa ser assim, Sorocaba, um berço para essa importante modalidade esportiva. Nesta senda, busco o apoio dos nobres pares para aprovação do projeto em tela.